Making Off do Vídeo lágrimas do Tietê






No dia 22 de maio tivemos a gravação do primeiro curta da série “1 minuto de silêncio”, do Adalberto Rossetti, feita especialmente para o Movimento Mude o Mundo. Me encontrei cedo com a equipe e partimos na busca de um ponto especifico da margem do rio Tietê. Depois de pegar aquele transito rotineiro na Marginal conseguimos parar no local que tínhamos programado. Ao chegar lá, o acesso à margem não era tão fácil como havíamos imaginado.

Pensei: "Se eu tivesse uma corda e a trilha do Missão Impossível aqui..."

Como não tínhamos corda, tivemos que descer um muro íngreme de cimento e bactéria, com medo de encostar a mão em qualquer coisa.  Mesmo com toda aquela decomposição, a vida ainda insistia em aparecer como tufos de capim e pequenas flores próximas das margens. Um resquício da flora ciliar, que há tanto tempo perdeu o lugar para a devastação e o concreto.

Enquanto o diretor preparava a câmera, vendo a luz e o sol para a filmagem, eu e os atores, Sulivam e Rodrigo, observávamos o rio. Um rio negro, morto e denso. Blocos de sujeira não identificada  passavam sem parar pelas fétidas águas.  Curioso foi ver uma moeda de 1 Real boiando naquelas águas. Fiz uma breve ligação com o poço dos desejos que ao jogarmos as moedas, elas desciam para o fundo e por lá ficavam a espera da realização do pedido...

Já o Tietê, não é capaz de captar a moeda e o único desejo que ele insiste em realizar é o de acordar todos os dias.

O sol, que estava quase a pino, fazia sacudir ainda mais o odor pútrido daquele local. Enquanto eles gravavam o cortejo ao rio, eu fotografava o making off e observava a situação. Um mar de carros de um lado e do outro e no meio um rio gritando, pedindo socorro.  Me falaram que não limpam o rio por 2 motivos: política e política. Mas tirando a política de lado, tudo isso é uma situação um tanto quanto surreal, pois convivemos com essa realidade diariamente sem nos comovermos.  E, assim como o rio, nós nos deixamos consumir pouco a pouco. Tampando o nariz, fechando os olhos e caminhando sabe se lá para onde.


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